Semana Especial Led Zeppelin - Dia II - O British Rhythm & Blues e Os Yardbirds

O Blues Na Inglaterra Nos Anos 60

No início dos anos 60, a popularidade do Blues em Londres estava em alta, e pode-se dizer que criou-se um novo tipo de Blues com sotaque britânico, o British Rhythm & Blues, nascido da união de dois consagrados músicos, o harmonicista Cyrill Davies e o guitarrista Alexis Korner, que em meados dos anos 50 transformaram um clube da zona oeste de Londres que tocava Jazz e Skiffle (híbrido de Jazz e Blues) em um pub de Rhythm & Blues. 

Davies e Korner atraíram muitas pessoas com suas sessões musicais, e eventualmente artistas do Blues americano, como o "endeusado" Muddy Waters, Otis Spann e Big Bill Broonzy apareciam no local em passagem pela cidade. 

Para elaborar esse novo estilo também houve participação muito importante de Chris Barber, que nessa época era bastante famoso com sua banda de Jazz Tradicional que já vinha experimentando com o Blues há algum tempo. No final dos anos 50, Barber trouxe vários expoentes do Blues americano para excursionar pela Grã-Bretanha, acompanhados pela sua orquestra. 

Entre eles Muddy Waters, que chegou com um som eletrificado que horrorizou os puristas. Mas esse novo som influenciou muito o Blues tocado em Londres, e Davies e Korner trabalharam para amplificar seu som. Juntos, formaram, por volta de 1959, a Blues Incorporated, que lançou muitos músicos ao cenário musical, entre eles Mick Jagger Keith Richards, Charlie Watts, Ian Stewart (todos do Rolling Stones), Jack Bruce do Cream, e Tom McGuinness do Manfred Mann. 

The Yardbids - Do Blues Ao Experimental

Em 1963, quando o gênero estava sendo expandido, surge o The Yardbirds, grupo de British Rhythm & Blues formado por Paul Samwell Smith, Keith Relf, Jim McCarty, Chris Dreja e Tony Tophan (guitarrista que ficaria no grupo apenas quatro meses, dando lugar para o mestre Eric Clapton).

Este durou 18 meses no grupo, e nesse tempo mostraram-se bastante talentosos, mas quando o empresário Giorgio Gomelsky levou a banda para um lado mais comercial, com o lançamento do compacto For Your Love, Clapton saiu por que não queria que a banda adotasse um estilo comercial, e se firmasse mais no Blues tradicional. 

A saída dele da banda foi bastante sentida pelos fãs, que picharam nos muros londrinos a frase "Clapton Is God". 

Assim, procurando um substituto para Clapton, convidaram Jimmy Page, que nessa época já era famoso músico de estúdio, a se juntar ao grupo, mas ele negou, indicando um amigo seu. O amigo? Jeff Beck. 

Em pouco tempo, Beck fez o que ninguém esperava dele: transformou-se em um líder, e levou os Yardbirds para rumos bastante inusitados para uma banda de British Rhythm & Blues. 

Sua visão inovadora fez a banda estar em constante reciclagem de seu som, e em pouco tempo receberam bastante reconhecimento, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos. 

Tudo ia bem até Julho de 1966, quando o baixista Paul Samwell Smith resolveu sair da banda para dedicar-se exclusivamente à produção. Para assumir seu lugar, convidaram Jimmy Page, que desta vez aceitou a oferta. 

Após algum tempo porém, Chris Dreja trocou de instrumento com Page, e assim os Yardbirds tornaram-se a primeira banda com dois guitarristas solistas da história. O clima da banda foi ficando pesado, mas ironicamente essa foi a fase de maior atividade da banda, onde eles expandiram ao máximo seus limites, fazendo músicas de muitas texturas e formas, e se tornando importante expoente, tanto nos EUA quanto na Inglaterra. 

A banda se esfacelou quando, no início de 1967, Jeff Beck abandonou a banda, e tudo o que sobrou para Page liderar era um grupo em ruínas. Pouco depois o grupo acabou, e Jimmy Page ficou com os direitos do nome do grupo e uma turnê para realizar na Escandinávia. 

Foi aí que surgiu o New Yardbirds, mas isso eu contarei amanhã...