É caro leitores, venho nesse domingo chuvoso aqui em São Sebastião do Caí - RS para falar sobre o início da parte mais negra da carreira do Led Zeppelin. Espero que gostem!
Depois do sucesso estrondoso do Physical Graffiti, a banda fez uma pausa nas turnês, continuando gravando imagens para seu primeiro show lançado em grande escala (nessa época haviam muitos bootlegs de shows da banda, mas nada oficial).
Mas, durante um intervalo, em um acidente de carro com sua esposa e amigos em Rodes, na Grécia em 5 de Agosto de 1975, Plant quebrou um tornozelo, e a previsão inicial era que talvez tivesse dificuldades para andar pelo resto da vida.
É engraçado, que, ao ir para o hospital, Plant ficou dividindo o quarto com um soldado bêbado que insistia em cantar a música The Ocean do The Houses Of Holy para ele.
Assim, a banda teve de fazer uma parada forçada enquanto Plant se recuperava. Plant ficou na ilha de Jersey, onde escreveu várias letras para futuras músicas e depois foi para em Malibu, junto com Page, onde as idéias musicais foram completadas.
Assim, vendo que talvez o melhor que poderia fazer era trabalhar enquanto se recuperava, a banda entrou nos estúdios para gravar o novo álbum. Durante essas sessões, ao se levantar para esticar um pouco as pernas, Plant perdeu o equilíbrio e caiu sobre a perna fraturada, e um barulho fortíssimo de algo se quebrando invadiu o lugar. Ao cair, Plant gritou: "DE NOVO NÃO!", e, por sorte, nada havia se quebrado novamente, para alívio de todos.
Após três semanas, as gravações foram concluídas, com Page chegando a tocar sem parar por 14 HORAS, quando seus dedos não conseguiam mais se mexer, e dormindo no chão do estúdio.
Assim, no dia 31 de março de 1976 o disco foi lançado, alcançando logo o disco de platina (o motivo maior para isso foram as encomendas antecipadas dele). Já fiz uma resenha dele, mas vou falar de outros detalhes não apresentados nessa resenha.
À princípio teve uma procura bastante grande, e algumas de suas músicas tocaram em rádios, porém, em pouco tempo o interesse do público por ele diminuiu bastante, e é um dos poucos lembrados, e considerado o menos inspirado do grupo.
Tem forte influência na guitarra de Page, sendo que ele e Plant compuseram todo o álbum, enquanto Jones e Bonzo apenas tocaram. Jones não gosta muito dele (acredito que por esse motivo), mas, para Page, é um dos melhores do Led. É parecido com O Led I pelo controle absoluto da guitarra de Page, algo não ocorrido em álbuns anteriores.
As letras representam toda a raiva e veneno de Plant por estar naquela situação, e ele fala inclusive da banda, dizendo que "tenho amigos que me mandariam à merda" (na letra da música Hots On For Nowhere), mensagem feita para Page e Peter Grant, que pareciam não se importar muito com sua situação.
Polêmicas à parte, pra mim o disco é excelente, um dos meus preferidos da banda. Inicia com a longa e incrível Achilles Last Stand, com arranjos de guitarra espetaculares. É seguida da mais lenta e bluseira For Your Love, com um vocal que mostra a queda da capacidade vocal de Plant, que parece ter maior dificuldade para alcançar notas mais altas.
Royal Orleans possui riff's bem interessantes, com um ritmo mais funk que agrada aos ouvidos, possuindo um solo espetacular de Page. Em seguida, Nobody's Fault But Full Time, traz um ritmo mais lento com lick's em paradas, mas mesmo assim com toda a pegada e ritmo clássicas da banda, e um solo de gaita de boca muito bom. Candy Store Rock, a mais animada do disco, traz vocais e riff's mais vibrantes, mas parece não apresentar a mesma vibração de músicas como Rock and Roll e Good Times Bad Times.
Hots On For Nowere merece destaque pela excelente construção melódica, com bastante ênfase para o baixo de Jones, mas sob o domínio de Page. Tem um solo mais lento e muito bom.
E para encerrar o álbum, uma música de que gosto muito, Tea For One, música absoluta de Page, com solos e linhas melódicas bem construídas, vocal calmo e maior experimentação. Possui um clima de blues bem plácido, mas excelente.
Para dar um gás, no fim de 1976 ano foi lançado o disco The Song Ramains The Same, o show ao vivo oficial da banda. teve boa receptividade por parte dos fãs, e vendeu relativamente bem.
Depois da recuperação completa de Plant, a banda recomeçou a fazer shows, todos com lotação esgotada. Mas a tragédia parecia estar contra a banda, e, em 27 de Julho de 1977, o filho de Plant, Karac, morreu devido a uma infecção estomacal estranha, e a turnê que estavam fazendo nos EUA foi parada na hora. Para Plant foi um golpe bastante duro, e os sensacionalistas que já tinham a banda como maldita especularam até sobre o fim da banda.
Depois de uma parada de quase um ano, a banda se reuniu novamente para gravar seu oitavo álbum (e último, embora eles não soubessem disso na época). Assim, em 15 de Agosto de 1979 foi lançado In Through The Out Door, último disco da banda. Tinha 6 capas diferentes, escondidas por um papel e ao comprar o disco o fã nunca sabia qual capa estava levando.
Trazendo um bom equilíbrio entre tudo o que já havia sido feito pela banda, não é um álbum excelente, mas que possui suas qualidades.
Em parte, o vício de heroína vivido por Page na época contribuiu para a fraca musicalidade do disco. Gosto de comparar esse disco com o Led IV, que representou o ponto máximo da parte inicial do grupo, enquanto In Through The Out Door é o ponto final da carreira da banda, exatamente os dois "4" da carreira do Led, iguais nos números mas diametralmente opostos na sonoridade.
Inicia com In The Evening, música mais obscura, com uma longa introdução, e um solo muito bom de Page, contando também com um belo dedilhado e um vocal bom (não excelente). É seguida de South Bound Saurez, música com mais teclados e com um ritmo mais dançante, mas que não empolga.
Fool In The Rain traz uma pegada mais "exótica" com partes lembrando música havaiana. Prosseguindo o set, Hot Dog traz uma pegada sulista bem interessante, com um ritmo bem dançante "arrasta pé". Tem um solo bem interessante com bastante pegada. Em seguida, Carouselambra, música mais longa, minha preferida do disco, traz um uso maior de teclado, que dá um belo contraponto à faixa. É bastante experimental, com várias texturas dentro de seus 10 minutos.
All My Love traz uma pegada pop melosa (foi composta por Plant para seu filho morto), e é uma das músicas mais conhecidas da banda. Não a acho excelente, mas tem uma sonoridade bem interessante.
E, para encerrar o último álbum do Led, I' Gonna Crawl, baladona com um clima épico de arrepiar, e um solo F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O de Page, com uma batida muito boa e calma de Bonzo.
Para encerrar esse post gostaria de falar do que os anos finais representaram para o Led. Tendo dinheiro para nunca mais trabalhar, parece que o grupo se entregou de vez, se preocupando mais com vícios do que com a música.
É triste ver que um grupo com o talento monstruoso do Led tenha se deixado levar por drogas e álcool. Embora é necessário ver que os anos 70 foram os anos da liberdade, onde tudo parecia possível, drogas eram vistas como "aliadas" de um músico, a AIDS ainda não existia, e todos queriam apenas se divertir.
Somente hoje em dia é possível ver como aqueles caras estavam errados, mas acho que não há como recriminá-los por uma coisa cultural da época.
Embora a carreira do Led tenha caído de maneira vertiginosa nos últimos 5 anos de existência do grupo, eles não estavam preparados para o capítulo final dessa história, que contarei amanhã...
(Era para a semana especial ter terminado hoje, mas como quinta feira não postei, vou terminar essa semana amanhã).
2 comentários:
Fala parceiro,parabéns pela series de posts.
Vou publicar mais um do Led em vez do Michael Jackson na área.Pois o dia de comemoração dele já foi,ou seja, vc mandou o link depois da data,e não recomendamos,vlw !
OK ?
Até mais !!!
valeu Guilherme!
Obrigado pelos elogios e pela força, entendo perfeitamente, por mim tudo bem, não me importo na data em que os post forem colocados na Área Rock n' Roll!
abraço!
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